domingo, 26 de abril de 2009

Você Acha Que Pra vender é Preciso Gritar?




Na semana passada eu recebi um e-mail muito interessante enviado por Raquel Molino, minha ex–professora de história do Radio e TV, a quem eu que prezo muito e hoje é minha amiga, sobre vídeos de comerciais antigos dos anos cinquenta, sessenta e setenta.
Ai que saudade eu senti, confesso!

Já faz tempo que a criatividade dos publicitários brasileiros está adormecida e não me venham dizer que é culpa da crise,não justifica porque vemos muitas vezes anúncios que tiveram um custo elevado de produção e que não conseguem atingir o objetivo a que se propõe vender uma idéia e, por conseguinte, um produto.

Um exemplo é o anúncio recente da Sadia para vender uma Mortadela e enquanto a casa começa pegar fogo o casal tão entretido com o “sabor mágico” da tal mortadela não se apercebe do perigo, o bombeiro por sua vez ao invés de apagar o incêndio se ver seduzido pela “apetitosa mortadela” que até esquece a sua função e não apaga o fogo que se alastra e passa a degustar a porção da "enfeitiçada" mortadela Sadia. Francamente... nos poupem né?

Em minha opinião o sucesso de uma campanha se faz notar quando atinge em cheio o gosto do grande público e vira um bordão popular.
Já foi o tempo em que isso acontecia com muita frequência e que nos intervalos comerciais tínhamos dificuldade de nos ausentar da sala para não perder aqueles bem elaborados anúncios que eram parte integrante do programa que assistíamos.

Dentre tantos links que compõe o e-mail da Raquel destacam-se pérolas como os famosos anúncios da Varig, que nos prendiam pela variedade de suas peças, Cobertores Parahyba, Elefante da Cica, Casas Pernambucanas, “Quem bate? é o Frio...” e tantos outros que abrilhantavam os intervalos.
Quanta ingenuidade e quanta competência que atraía adultos e crianças.

Hoje parece que passaram um desmagnetizador na cabeça dos criadores como num gravador analógico e lá se foi toda criatividade.
O que está faltando? Inspiração ou um pouco de ingenuidade para criar?
Já faz tempo que um dos maiores gênios da publicidade brasileira Washington Olivetto criou “O Primeiro Valisère a gente nunca esquece” ou aqueles anúncios da US TOP que os jingles viraram hinos à liberdade e as imagens até hoje não saem de nossas mentes, e tanto a juventude como a crítica internacional entendeu que choveu prêmios.
Será que não existem seguidores para um mestre tão aplicado?

Hoje o que podemos ver e ouvir não passa de um festival de gritaria para tentar convencer o futuro cliente que o seu produto é melhor, como numa feira livre.
A diferença é que na feira livre ao meio da gritaria existe bom humor entre uma piadinha e outra com referência a um transeunte anônimo sem ofensas, enquanto nos anúncios desesperados a nossa vontade é desligar o televisor ou torcer para que acabe logo e aí vem outro e outro...

Aqui vão alguns exemplos de desespero: Casas Bahia agora com o Raul Gil gritando como um louco, Vivo dia das mães com aquela mãe desesperada pra chamar atenção do filho que não vai ouvi-la mesmo pela distância, Marabrás até o Cid Moreira entrou na gritaria, e o pior de todos o famigerado Doritos com aquela moça descendo a escada rolante gritando desesperadamente por reconhecer alguém, é o fim da picada.
Ou será o começo do fim dos anúncios no Radio e TV e uma debandada geral para a internet?
Com mais criatividade, claro, com verbas melhores aproveitadas e com um gosto mais apurado.
Chega de gritaria!

Edigarde Rodrigues

Nenhum comentário: